Livro: Pretinha, eu?

Livro: Pretinha, eu?
Autor: Júlio Emílio Braz
Temas Abordados: Preconceito racial, amizade, valorização de cada raça.


Resumo do livro (com adaptações)

 Olá, meu nome é Bel, eu vou contar para vocês uma história bem legal que aconteceu lá na minha escola. Um belo dia todos avistaram uma aluna nova chamada Vânia com o uniforme da escola e foi aquele alvoroço, aquela confusão, um zum zum zum pra lá e pra cá. Em cem anos de tradição o Colégio Harmonia nunca tinha permitido a entrada de alguém como ela, com o cabelo e a pele dela. Porque ela era preta, pretinha, tão pretinha que parecia azul. Todos ficaram assustados: alunos, professores, funcionários e pais. Com o passar do tempo vieram os risinhos debochados, as brincadeiras sem graça e a implicância. Teve até uma aluna que disse assim: “Ei, a escola pública fica do outro lado!” Mas Vânia nem olhou pra ela!
Nas aulas Vânia sempre se destacava e a professora dizia que ela era super inteligente, acho que era por isso que volta e meia alguém implicava com ela, diziam assim: “Pretinha, pretinha... Vânia é pretinha!”
Quem mais implicava com a Vânia era a Carmita, sempre falava que os sapatos dela eram os mais pobrezinhos, que ela era metida porque sempre estava perto dos professores e não falava com ninguém. Acho que ela tinha inveja porque os professores sempre elogiavam a Vânia! Eu era muito amiga da Carmita, na verdade eu até evitava ficar perto da Vânia, porque o meu cabelo é assim enroladinho e minha pele não é tão clarinha assim, tinha medo que vissem as nossas semelhanças. Pretinha, eu? Não, eu não! Eu sou morena!!!
Vânia ia e voltava da escola de ônibus. A Carmita dizia assim: “Nossa Vânia que carrão, tô morrendo de inveja!!” Carmita era ruiva, tinha os cabelos vermelhos, os olhos azuis e a pele branca, Mas eu, eu, eu era morena! Era o que mamãe e papai me diziam sempre. Pretinha, pretinha, pretinha, era a Vânia de quem todos zombavam com piadas muito maldosas, que se calava quando alguém a xingava, ou fingia que não se importava. Mas acho que ninguém conseguiria ser tão durona assim!
Vânia começou a fazer amigos, na verdade porque estavam interessados em ter uma colega inteligente ou só pra colar na prova mesmo. A Carmita ficou com muita raiva, as piadinhas aumentaram muito e eu acabei sentindo pena de Vânia. Até tentei conversar com a Carmita e falar que ela estava passando dos limites, mas ela se aborreceu e acabou sobrando pra mim, ela me disse assim: “Por que você está se doendo tanto por ela, descobriu algo de novo nela ou em você!” Naquele momento senti medo, muito medo, de perder a amizade de Carmita, de ser chamada de pretinha, de ser pretinha,... medo, muito medo!!!
Quando percebi até eu já estava fazendo piadinha com a Vânia, junto com a turma da Carmita. Aconteceu que Carmita descobriu que Vânia era bolsista, depois disso ela começou a insultá-la de duas maneiras: “Pretinha e bolsista!” O pai de Vânia trabalhava na casa do dono da escola, como eles gostavam muito dela, deram a bolsa de estudos para ela poder estudar de graça. Meu pai é advogado, sabia, e tem condições de pagar a mensalidade caríssima da escola.
Cheguei em casa e fui conversar com minha mãe. Contei tudo o que estava acontecendo na escola e fiz a pergunta que não queria calar: “Mãe, eu sou pretinha?” Minha mãe respondeu: “Mas é claro que não! De onde você tirou essa idéia, você é moreninha... mo-re-ni-nha!” Meu pai quis saber quem era Vânia e eu contei toda a história pra ele. Mamãe queria ir no colégio para reclamar, mas papai não deixou. Ele disse assim: “A gente ia dizer o quê,... que andam chamando nossa filha de pretinha, mas ela é,... pretinha clara”. Minha mãe encerrou a discussão com voz firme: “ela é morena!!!”
Hoje fizemos uma maldade das grandes com a Vânia! Bárbara inventou e todas nós concordamos. Nos últimos dias a turma inteira já tinha reparado que mesmo com o calor que estava fazendo, Vânia sempre estava de casaco. Bárbara descobriu que é porque ela tem duas crateras debaixo dos braços, dois buracões enormes.
Na aula de educação física eu peguei o casaco dela e escondi dentro da minha bolsa. Quando acabou a aula ela foi procurar o casaco e não encontrou, como tinha prova de geografia todas nós fomos pra sala, mas Vânia demorou a ir. Quando Vânia entrou na sala todo mundo percebeu que ela estava tentando disfarçar com os braços bem coladinhos ao corpo. Mas a Carmita foi entregar o caderno de Vânia, e quando ela esticou o braço para pegar todos viram os buracos debaixo das axilas de Vânia. Carmita gritou: “Nossa que buracões!” Carmita gargalhou de se dobrar. E não conseguia parar de rir. Vânia ficou parada, envergonhada e com os olhos cheios de lágrimas. A professora deu um grito: “Venha comigo, Carmita! E pare com essa gargalhada idiota!!” Quem disse que Carmita parou, ela continuou rindo, mesmo depois de ter sido colocada pra fora da sala e de ter tomado uma advertência.
Depois de ter participado disso, fiquei me sentindo muito estranha. Fico pensando em Vânia a toda hora. Depois da zombaria ela não veio mais pra aula e ficou uns três dias sem aparecer! Eu levei uma advertência também, mas papai e mamãe não disseram nada, mas meu pai ficou olhando pra mim de uma maneira tão esquisita! Dava pra ver que ele não gostou nem um pouco do que fizemos. Pior que eu também não gostei! Depois que Vânia começou a chorar, tudo perdeu a graça, eu fiquei me sentindo mal, na verdade envergonhada. Foi maldade o que fizemos!
Vânia finalmente veio à escola! Carmita logo disse: “Vânia, você teve coragem de voltar?” Vânia mais uma vez não disse nada. Eu falei com a Carmita que gostaria de ser amiga de Vânia, mas ela quase teve um troço e disse: “Eu não vou ser amiga de pretinha nenhuma!”
Fui falar com Vânia. Falei oi e ela me respondeu oi! Só que Carmita viu e ficou dizendo que eu queria ser amiguinha dela, talvez quisesse até ser pretinha como ela. Carmita me deu um empurrão, eu empurrei ela de volta e ela caiu no chão. Estendi a mão para ajudá-la a se levantar, mas ela deu um tapa na minha mão e disse: “Eu não sou mais sua amiga!” As outras meninas viraram as costas e foram embora com Carmita. Eu fiquei sozinha!
Um belo dia fui ver nossos álbuns de família, percebi que tem muito mais fotos da família da minha mãe que do meu pai, e perguntei: “Pai, porque quase não tem fotos da sua família no álbum?” Meu pai respondeu: “Nunca tinha reparado, mas depois eu peço algumas fotos de quem está faltando, pode ser?” Respondi: “Pode!” Comecei a me lembrar de quem estava faltando, tinham moreninhos, mulatinhos e pretinhos na família do meu pai. Senti que aquela conversa não estava agradando minha mãe, nem meu pai, aí parei de conversar!
No mês de junho iniciaram-se os preparativos da nossa Festa Junina. A professora Renata sugeriu que Vânia fosse a noiva na apresentação da quadrilha e todos concordaram. Carmita nem quis mais participar da dança, se não fosse para ser a noiva não queria ser mais nada! Mesmo sem participar dos ensaios, Carmita sempre estava por perto, fazendo chacota de Vânia, é claro!
No dia da festa a professora Renata não tirava os olhos de Vânia e Humberto, com receio que algo de ruim pudesse acontecer com eles! Quando chamaram a nossa turma para apresentar ela teve que ir nos organizar, foi neste momento que Carmita se aproximou de Vânia com um cachorro quente cheio de catchup e mostarda, fingiu que tropeçou e derrubou o cachorro quente no vestido de Vânia. Seu vestido branquinho ficou todo sujo de vermelho e amarelo. Vânia ficou com tanta raiva que deu um soco em Carmita. Os outros alunos ficaram segurando as duas para não brigarem mais! Vânia, mesmo com seu vestido todo sujo disse: “Agora a gente vai dançar!!!” Puxou Humberto pela mão e foi dançando à frente da quadrilha! Não ganhamos a quadrilha, mas ficamos em segundo lugar! A professora disse que foi uma grande vitória o que alcançamos!!
Eu fiquei amiga de Vânia! Conversava com ela, emprestava meus livros e gibis. Somos amigas de verdade! Carmita e suas amigas continuavam implicando com nós duas agora. Mas não tinha problema, a gente não ligava!
Quando cheguei em casa tomei um susto! Meu pai estava me esperando para colar algumas fotos que estavam faltando no nosso álbum de família. Colamos várias fotos no álbum e senti muito orgulho de cada um dos meus parentes!
Na escola foram feitas várias aulas sobre discriminação e preconceito, que duraram mais ou menos uma semana. A maioria parou com a implicância e resolveu dar um descanso para a Vânia, mas a Carmita continuou aprontando as dela!
Ontem eu e Vânia estávamos saindo do colégio quando Carmita apareceu com sua turma e disse: “Olha, lá vai a pretinha!” Mas quer saber de uma coisa não faz bem nem mal a Carmita me chamar de pretinha. Faz parte! Acontece que não tenho a paciência de Vânia, tenho lá meus truquezinhos e quando ela ainda estava rindo soltei: “Sua branquela azeda!” Da mesma forma que não gosto de ser chamada de pretinha, ela também não gostou e ser chamada de braquela azeda!
Com o passar do tempo a Carmita foi mudando seu comportamento e aceitando as diferenças existentes entre as pessoas. Afinal de contas o que importa é o que somos e não como somos.
No fundo, no fundo, não vale a pena brigar por isso ou por aquilo com socos e palavrões. Existem modos bem mais inteligentes de resolver: o silêncio, a boa vontade, paciência, o sorriso... Um sorriso na hora certa abre portas e corações!
A cor da pele deixa de ser um problema quando começamos a gostar de nós da forma como somos, pois cada um é único! Pretinha, eu? Não tô nem aí! Sabe por que? Por que cada um de nós foi feito pelas mãos de Deus e Ele nos fez diferentes e é isso que nos torna especiais, por isso a cor do cabelo, a cor da pele, o tamanho, o peso, a cor dos olhos são diferentes.
Eu tenho muito orgulho de ser como sou! Minha mãe é branca e meu pai é negro, então sou negra também! Se eu pudesse mudar alguma coisa... não mudaria nada... eu sou feliz assim do jeito que sou!

Vocês sabiam que aos olhos de Deus, nosso Pai, somos obras primas, que Ele planejou, por suas próprias mãos pintou, a cor da sua pele, os seus cabelos desenhou, cada detalhe, num toque de amor... Agora vamos cantar uma música que fala sobre isso?

Aos Olhos do Pai (Diante do Trono)

Aos olhos do Pai
Você é uma obra-prima
Que Ele planejou
Com suas próprias mãos pintou
A cor de sua pele
Os seus cabelos desenhou
Cada detalhe
Num toque de amor
Aos olhos do pai
Você é uma obra-prima
Que Ele planejou
Com suas próprias mãos pintou
A cor de sua pele
Os seus cabelos desenhou
Cada detalhe
Num toque de amor
Você é linda demais
Perfeita aos olhos do pai
Alguém igual a você não vi jamais
Princesa linda demais
Perfeita aos olhos do pai
Alguém igual a você não vi jamais
Você é linda demais
Perfeita aos olhos do Pai
Alguém igual a você não vi jamais
Princesa linda demais
Perfeita aos olhos do Pai
Alguém igual a você não vi jamais
Aos olhos do Pai
Você é uma obra prima
Que Ele planejou
Com suas próprias mãos pintou
A cor de sua pele
Os seus cabelos desenhou
Cada detalhe
Num toque de amor
Nunca deixe alguém dizer
Que não é querida
Antes de você nascer
Deus sonhou com você!
Nunca deixe alguém dizer
Que não é querida
Antes de você nascer
Deus sonhou com você!
Você é linda demais
Perfeita aos olhos do Pai
Alguém igual a você não vi jamais
Princesa
Aos olhos do Pai





14 comentários:

  1. Esse livro mostra que Deus fez cada um de nós de gerentes se foi o topo sigo dele não devemos questionar porque Deus e Deus ele é sábio mais que todos os inteligentes do mundo do então devemos respeitar o próximo e devemos trata-lo assim queremos ser tratados tenho 11 e já estou escrevendo um livro para o propósito de Deus. Então devemos seguir todos os mandamentos de Deus , fiquem com Deus Tchau Beijos e abraços.

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  2. Gente desculpe escreve algumas coisas erradas em que eu tô escrevendo no tabelet atiça travando.

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  3. Livro bem inspirador .. indicado por mimha professora Aline . . Lindo

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